sexta-feira, 20 de junho de 2008

Homens e pássaros

Houve um tempo em que os pássaros eram grandes amigos do homem. Eles, os pássaros, admiravam tanto aqueles bípedes que sempre estavam por perto. Gostavam de ver o modo como resolviam as coisas, como idolatravam as pedras esculpidas como deuses, como se viravam para caçar mesmo sem asas, enfim, os respeitavam.

A amizade tamanha permitia aos pássaros pousar no ombro dos humanos e cantar a eles suas mais belas melodias. Adoravam ornar os ombros fortes daqueles homens com suas penas.

Porém, um período de fome se abateu sobre a humanidade, e os humanos, como não podiam voar para mudar de território começar a atacar os pássaros, que fugiam de medo. A fome passou, mas o medo dos pássaros não, e assim acabou-se a confiança e admiração que possuíam pelos homens.

Revoltados com o sumiço dos belos amigos emplumados, os homens, cruéis como eram, queriam mais do belo canto e, nutridos de seu mais amargo egoísmo, começaram a caçar e aprisionar todos os pássaros que pudessem encontrar. Dessa forma os pássaros se afastaram mais e mais dos humanos que tanto admiraram no passado.

Os anos, as décadas e as eras passaram e a maldade humana se acentuava cada vez mais, e o medo das aves também.

Porém, em um dia de sol qualquer, Olavo estava sentado sob um céu limpo e azul. Ele estava quieto, e pensava na vida, não na dele, mas na das plantas, das formigas e dos pássaros. Ahhhh, os pássaros! Olavo os admirava mais do que tudo. Achava-os belos, supremos e livres. Para ele, apenas os amigos emplumados eram felizes.

Por ali, ao mesmo tempo, rodava um bem-te-vi, que achou estranho ver um humano parado, sem fazer barulho,sem gritar, ou destruir absolutamente nada. Distraído como estava não percebeu que se aproximava demais do menino e, ao dar por si, estava diante dele.

Aqueles olhos enormes, verdes como o gramado, olhavam direto para o pequenino pássaro, que achava que seria imediatamente morto. Fechou seus olhinhos pretos e tentou se acalmar. Seu coração parecia explodir de tanto medo.

Contudo, Olavo não mexeu sequer um músculo. Respirou fundo e contemplou. Olhava a pequena e assustada ave como o respeito de quem observa um deus. O pássaro abriu um olho, respirou, fez um coco (sabe como é... coisas do medo!), abriu o outro olho, mas não fugiu.

Resolveu se aproximar e um choque percorreu suas penas. Não foi algo ruim, mas muito forte. Pousou sobre o ombro do jovem, que virou-se para observar melhor. Naquele instante algo maior do que qualquer um podia imaginar acontecia. Era uma troca de respeito, de admiração. No encontro de olhares, mais do que um brilho foi visto, era esperança, uma chance de redenção.

Se olharam por mais alguns segundos e seguiram suas vidas. Nenhum dos dois percebeu que naquele instante plantaram a semente de um mundo totalmente novo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela história, mas falta-lhe uma pequena correção ortográfica. Ora vamos, Zé. Quantas vezes já não te disse isso? Vamos melhorar, ok?
Ass.: a pseudo-amiga-professora.