quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tutti Famiglia

Quem convive comigo há tempos sabe que apego familiar nunca foi meu forte, ou que minhas lembranças da infância sempre foram relativas às brigas, aos comportamentos fora do comum da minha família e da minha pessoa. Porém, hoje coisas, pessoas conversas e uma caminhada de 17 minutos me fizeram ver como tentei deixar marcado uma imagem ignorando dezenas de outras.

É impressionante como tentei ver minha vida pelo lado irônico dos problemas ao invés de lembrar das coisas boas, que não foram poucas. Como esquecer dos biscoitos amanteigados da minha mãe, da carne de panela ou das sopas deliciosas, e isso apenas para começar.

Como deixar de falar das vezes que a ouvi falando dos seus alunos, das aulas que preparava e da constante busca por aperfeiçoamento. Como não lembrar que mesmo a mais severa das broncas tinha por trás a intenção de forjar um homem, não um maricas. Como não pensar que 90% da minha personalidade e do meu amor pela vida e pelo desconhecido veio dessa mulher de riso fácil e gênio forte.

E meu pai, como pude ver tantos defeitos por tanto tempo. É uma pessoa que deveria ser digna de orgulho. Como não lembrar dos aviões de madeira que me fazia, ou das vezes que brincava comigo. Das piadas constantes, do bom humor excessivo, da vontade de trabalhar e da competência de fazer as coisas. Alguém que depois de um baque correu atrás de algo em que acreditava, e depois, já velho, com o fim de tudo, conseguiu recomeçar, do nada, com algo totalmente diferente e ainda assim caminhar.

Meus irmãos, todos eles, que sempre julguei como cretinos. Crianças portadoras do gene da briga são pessoas excelentes. Um é o exemplo da bondade, a outra é a coragem em pessoa, e a mais nova é um diamante bruto, potencial de sobra num pequeno espaço.

E sobram outras coisas, os omeletes deliciosos da vovó, os períodos de trabalho na oficina com meu avô, os brinquedos de madeira, o despreendimento das minhas tias em abdicar da qualidade de vida delas para ajudar meu pai, tudo... são pessoas boas, exímias e me orgulho cada vez mais de ser parte integrante desse mundo, e ter um pouco de cada um deles dentro de mim.

Vez ou outra eu vou colocar mais momentos bons aqui, bons de verdade... não as histórias de loucura, mas as de vida, os bons momentos, as lições.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu achei lindo o seu texto e nunca "ouvi" vc dizer nada de bom sobre a sua família. Só um conselho: se as opiniões não importam a vc no blog, vc espera ler alguma? Se não, apague a minha, pois não quero ser uma idiota que escreve para vc não dar atenção. Acho que vc deveria respeitar quem escreve.